Mengão x DerrotadaBaea – Pré Jogo.

Muito que falar não. É ir lá e trazer os três pontos.

Agora, nada de carne assada. Nada como da empáfia do jogo anterior. Entramos com o narizinho impinado e quase que o arroz estraga.

Eles tão na zona maldita? Pior pra nós. Vão dá a vida pra num cair de vez no buraco. Então, é entrar concentrado e matar o jogo.

O tal de STJD, esse tribunal ridículo que num tem em lugar nenhum do mundo, proibiu a entrada do nosso Povo no estádio, né? Se fuderam. O time deles nem ligou e vendeu ingressos pra gente.

Vamos jogar com a torcida a favor. Sim, a cor da camisa do time deles é igual a nossa. Meus jogadores vão olhar pra arquibancada, vê só preto e vermelho, vão dá o sangue e a vida pra ganhar o jogo pra gente.

Só um recado pra dois jogadores:

Pokemon (Diego). Chama a responsabilidade pra tu, tá. Se chamar, o time vai te seguir e nem tem como perder;

Pai Thomaz (Rafael Vaz). Negão, joga sério. Nem faz gracinhas, tá. A galera já tá ficando puta com tuas lambanças. Tu é o titular absoluto, mas tá abusando da sorte.

Nem vou lá, mas se tu fizer palhaçadas, vou te esperar no aeroporto com uma tesoura grandona. Quando tu aparecer vou cortar esse cabelo ridículo em várias partes. Tu vai ficar parecendo o Fabio Justino.

Quê? Prefere morrer? É contigo, é contigo. E tem mais. Vou mandar a Ana Paula Lima fazer cafuné na tua careca. É pra matar mermo. Joga sério, porra, joga sério.

Boa sorte Mengão.

Boa sorte pra gente.

X – X – X

Causos da arquibancada.

Na Raça conheci uma Negona gordona, gente boa, gente fina que eu adorava. Ela era macumbeira. Tinha um terreiro lá pro lado de São Gonçalo.

A primeira vez que a vi, quase morri. Tava subindo a rampa, ela me parou e:

- “Negão, tu tem que se cuidar espiritualmente. Você tem que pensar mais em você que nos outros”.

Carai, gelei. Ficou minha amiga. Sabia da minha historia, das viagens, que eu levava a faixa da Raça pro mundão, me chamava de makakinho querido e o melhor: todo jogo levava dois pães de queijo e um sanduba de pão com ovo pra eu. Amavaaaaaaaa.

Pois bem: a Raça cismou com o Carpegiani, nosso técnico, Campeão do Mundo. Cismou inté botar pra fora. Eu era contra, claro. Mengão, embora com um timaço, tava passando por um momento difícil.

Numa quarta-feira noite, ela trouxe, além do meu “lanchinho”, uma vela de 7 dias benzida pela entidade dela.

- Acende isso de manhã cedo domingo antes do jogo. Vai te ajudar e ajudar o Flamengo.

Fiquei cabreiro. Sou um ateu convicto. Ganhamos o jogo, jogamos mal pragarai, com Zico e tudo. No domingo era um clássico nem lembro contra quem.

Domingo, acordei cedão. Dia lindo. Eu morava no Graça Couto, Atlântica eskina de Bolivia. Abri a janela, akele marzão... Vou correr.

Lembrei da vela. Pensei, vou acender essa porra, corro, dou um mergulho e volto.

Acendi no quarto, no chão, perto da janela. Detalhe: Dona Meire, ex-dona encrenca tinha um ciúme danado das porras das cortinhas dela. Podia derrubar a casa, menos mexer nakela merda.

Botei sunga, era um gatão, pior que era. Baixin, malhadão, preto, piauiense, cabeça xata, mas era lindooooooo. Sabe porque? Era rico... Todo rico é lindão, certo? Hoje? Sou mais feio que um cão. Fikei pobre...

Desci, corri 10km, fiz abdominal, mergulhão e voltei pra casa. Um cheiro de queimado do carai. O vento derrubou a porra da vela, o fogo começou a lamber o chão, pegou na porra das cortinas da Dona Meire.

Apaguei, fui pro jogo, putaço, levei uma faca pra furar o buxo da macumbeira fiodumaegua. Pra piorar Mengão perdeu a porra do jogo. Tudo errado.

Quase matei ela. Macumbeira de bosta... eh!eh!eh!

Poxa, a última vez que a vi foi no Engenhão. Nem lembro o nome, acho que é Alcina. Por favor, entra em contato preu te dá um beijão.

Valeu

Moraes

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