Ser Flamengo é ter alma de herói

"Há de chegar talvez o dia em que o Flamengo não precisará de jogadores, nem de técnico, nem de nada. Bastará a camisa, aberta no arco. E, diante do furor impotente do adversário, a camisa rubro-negra será uma bastilha inexpugnável."

Copa de 74 - Alemanha

COPA DO MUNDO DE 74 - ALEMANHA

Eu e uma grande amiga, Gláucia resolvemos assistir à Copa do Mundo na Alemanha. Decidimos também inovar e ir vestidos com a camisa do Flamengo. Era, afinal, a Nação Rubro-Negra dando a sua contribuição para a nação brasileira. Foi a melhor forma que descobrimos para divulgar nosso clube.

Todo inovador paga um preço, e nós pagamos por vestir o manto sagrado rubro-negro. Não éramos reconhecidos como brasileiros e, sim, confundidos com árabes, africanos, ou sei lá o quê. Atribuímos a isso o fato de sermos sempre mal-atendidos em restaurantes, hotéis, etc. Podia ser racismo ou o fato de eu não saber falar nem "ai" em alemão. Além disso os alemães estavam traumatizados com o terrorismo ocorrido dois anos antes nas Olimpíadas de Munich 72. Mas, fosse o que fosse, quando resolvemos colocar um boné do Brasil tudo melhorou. Em qualquer país do mundo, quando o assunto é futebol, somos tratados como cidadãos de primeiríssimo mundo.

Da Copa, em si, sobrou pouco para falar. Chegamos como favoritos e saímos em quarto lugar, jogando um futebol pobre. Pra se ter uma idéia, para não sairmos na primeira fase, tivemos que “golear” o Zaire. 3x0. Naquela época, o Zaire era o “Fluminense” da África, ou seja, time de terceira divisão. Nessa Copa, o mundo conheceu o carrossel holandês e a força do conjunto alemão, orquestrado pelo Beckenbauer.

Todavia tínhamos um timaço. Caraca, a melhor zaga que o Brasil teve em todas as Copas: Zé Maria, um “touro” de uma força fenomenal. Luis Pereira e Marinho Peres, pra mim a melhor de todos os tempos e na Lateral esquerda o Marinho “Xuxa”.   O goleiro era o Leão um dos melhores do mundo. 

Ai o meu querido Zagalo resolveu “retrancar” o time. Caramba, o Paulo César Carpegiani, que arma qualquer time, só entrou quando a vaca tinha ido pro brejo. O resto do time era remanescente da Copa do México, com Rivelino, Jaizinho, Paulo Cesar Caju, etc. Pior. Ele não levou o Zico que na época já era um dos melhores jogadores do Mundo.O Zagalo alegou que era muito jovem, pode? Mesmo assim, éramos pra ter vencido o jogo contra a Holanda, o bicho papão da Copa. . No primeiro tempo nós jogamos no contra ataque.Eles fizeram a “linha burra” e o Paulo César Caju perdeu um gol incrível. Se faz ...um abraço. E o Leão pegou tudo até que na metade do segundo tempo eles marcaram e aí cumpade...De volta pra casa...

Na Alemanha eu conheci o saudosíssimo Jaime de Carvalho, líder da torcida brasileira. O Jaime era o chefe da primeira torcida de futebol organizada do Brasil: a Charanga Rubro-Negra. Ficamos amigos e juntos até o jogo em que perdemos para a Polônia, na decisão de terceiro e quarto lugares.