Ser Flamengo é ter alma de herói

"Há de chegar talvez o dia em que o Flamengo não precisará de jogadores, nem de técnico, nem de nada. Bastará a camisa, aberta no arco. E, diante do furor impotente do adversário, a camisa rubro-negra será uma bastilha inexpugnável."

O desabafo do meu amigo Dudu Vinicius.


O desabafo do meu amigo Dudu Vinicius.

Nessa minha vida de Flamengo encontrei várias figuras entre dirigentes e torcedores que serviram ao clube sem se servir dele.

Uma dessas figuras é o Dudu Vinicius. Meu amigo e irmão flamenguista por quem faço referencia e loas eternas pela luta constante em defesa do nosso clube.

Ele já fez de tudo. Aki no final vou publicar um manifesto publicado por ele nas redes sociais se defendendo dos estúpidos xingamentos que alguns manés lhe fizeram.

O Dudu crirou e presidiu a “comissão de uniformes do Flamengo” que se destina a aprovar as camisas do clube, com normas a serem seguidas pelos patrocinadores.

Pois bem, com esse terrível acidente que aconteceu com a Chapecoense, o Flamengo publicou nos jornais, “que faria uma homenagem introduzindo na nossa camisa o escudo deles”. (Somente pra o jogo contra o Patético Sulista, no próximo domingo).

Epa, epa, epa. Beleza a homenagem, mas isso tem que passar pela “comissão de uniformes”, certo?

Errado. Os portais esportivos publicaram e a mulekada das redes sociais caíram de pau nele (Dudu Vinicius), com agressões gratuitas, xingamentos e tal.

Puta que pariu. Cumprir as regras nesse país é crime. Cumprir as leis é ser otário. É isso?

Va lá: pela comoção e simbolismo a homenagem deveria ser aprovada por unanimidade, beleza, mas isso é motivo pra sentarem o cacete no cara?

E tu Negão? É contra? Não, pelos motivos descritos no item acima, mas faria de outra forma. Vem comigo:

Domingo Mengão vai jogar com as camisas brancas, certo? Por baixo todos os jogadores usariam outra camisa também branca com a frase: “FORÇA CHAPE”. Entraria no gramado com essa camisa, na hora do jogo colocava a oficial.

No final doava todas as camisas, oficiais e oficiosas preles fazerem ações promocionais visando arrecadar fundos pras famílias dos jogadores e dos JORNALISTAS.

Bem, daki pouco tem a tal reunião do Conselho Deliberativo pra aprovar a inclusão do escudo na camisa. Espero que o Dudu compareça e ratifique que NORMAS foram feitas para serem cumpridas.

E pros manés que foram pras redes sociais xingar o cara sem conhecer sua história no Flamengo, transcrevo abaixo o longo texto desabafo do Dudu.

Por favor, perde 5 minutos, lê essa porra e depois tem humildade pra reconhecer teu erro e pede desculpas pro cara, ok.

Valeu

Moraes

www.historiadetorcedor.com.br

 

CARTA ABERTA

Escrevo para me defender de uma enorme injustiça. Minha intenção era me
pronunciar na próxima reunião do Conselho Deliberativo, mas não pretendo
comparecer porque estou muito triste, desanimado e mentalmente esgotado e
também porque decidi encerrar minha luta de quase 20 anos em defesa do Manto
Sagrado. Inúmeras situações vividas nas reuniões e a questão que motivou
esta carta mostram que a maioria não tem a veneração que tenho por ele. Não
importa se o que penso sobre isso está certo ou não; minha opinião não é
mais importante que a de ninguém. O que importa é que a maioria pensa
diferente de mim, e devo ter a dignidade de reconhecer que perdi essa luta.
Cansei, desisto. Mas não vou me calar diante do que estão fazendo comigo.

Nunca tive perfil em redes sociais porque sei que o ser humano,
infelizmente, é capaz de transformar ferramentas importantes em algo nocivo,
mas tenho sido informado por vários amigos, a todo momento, sobre os
inúmeros absurdos que disseram a meu respeito, tanto nas redes como em
grupos de mensagens, e sobre seus autores.

Antes de tudo, quero dizer que defendi que o Flamengo adotasse um manual de
propaganda não apenas pela preocupação com a preservação de nossos
uniformes, mas para que o Conselho Deliberativo deixasse de ser
constantemente convocado para analisar qualquer alteração neles, com
cansativos debates sobre a adequação de cores, espaços e suas dimensões. O
objetivo seria normatizar todas essas questões em um documento aprovado
pelos conselheiros e atribuir à Comissão de Uniformes a função de verificar
a conformidade de quaisquer propostas com o disposto no manual, evitando
convocações desnecessárias do Conselho. O manual foi então elaborado por uma
comissão do Conselho Deliberativo, em conjunto com o departamento de
Marketing (Conselho Diretor), e aprovado em plenário por unanimidade. É
evidente que normas são sujeitas a alterações, em função da experiência
adquirida e de novas perspectivas do Clube e do mercado. Mas, sem que
mudanças sejam feitas, não podemos simplesmente ignorar regras vigentes.

Através da imprensa, soube que o Flamengo pretendia exibir o escudo da
Chapecoense em nossas camisas como homenagem pelo trágico acidente que
vitimou jogadores, profissionais e dirigentes daquele clube, além de
jornalistas, tripulantes, etc., e pedi aos presidentes Eduardo Bandeira de
Mello e Rodrigo Dunshee de Abranches, através de e-mail, que a questão fosse
analisada com cuidado, já que o manual não permite que se faça referência a
outros clubes. Através do caminho adequado a um sócio e conselheiro, me
dirigi aos presidentes de dois poderes do Clube, com a educação e o respeito
que ambos merecem, para lembrar a existência da norma no momento de
definição da homenagem mais adequada.

No dia dois de dezembro, recebi a convocação de reunião do Conselho para
votar a aplicação do escudo da Chapecoense e para revogar cláusulas do
manual, a fim de eliminar a restrição existente. Enquanto alguns lamentam
ter que comparecer para analisar uma questão que para eles é tão óbvia
devido à comoção nacional, eu louvo que o presidente Rodrigo Dunshee tenha
tomado essa decisão em respeito às normas do Flamengo.

No dia seguinte, um jornalista do site 
globoesporte.com me telefonou dizendo
que publicaria matéria sobre meu pedido para a não utilização do escudo da
Chapecoense, do qual tomou ciência por fonte que desconheço, e pediu
esclarecimentos, os quais acabaram sendo importantes, já que ele possuía
algumas informações imprecisas. Na matéria, aparece minha opinião sobre o
presidente Rodrigo Dunshee ter agido de maneira correta ao convocar o
Conselho, soberano para decidir dentro das normas, e digo também que, se a
maioria dos membros entender que a restrição deve ser retirada, a aplicação
do escudo da Chapecoense certamente deixaria de ser irregular.

A partir da publicação da matéria, recebi diversas comunicações, das minhas
filhas e de amigos, sobre as inúmeras agressões verbais e ameaças que
recebi, seja por causa do mau entendimento que as pessoas fizeram do texto,
seja por terem lido apenas o que quiseram ou talvez por outros motivos.

Opiniões devem ser respeitadas. Isso é tão óbvio que nem vou me alongar. Mas
nem foi este o problema. Eu fui desrespeitado por ter questionado a
homenagem devido à existência de uma norma sobre o tema. Inacreditável e
inaceitável.

Que país é este em que pedir o cumprimento de leis e normas se tornou motivo
para receber agressões, inclusive de jornalistas? Que país é este em que
quem defende a transgressão de normas, não importa se com boa intenção ou
pensando estar amparado pela consternação geral, xinga ou acusa injustamente
de insensível aquele que não aceita isso, em absurda inversão de valores?
Que país é este em que até associados de um clube se acham no direito de
insultar outro que sempre lutou, corretamente, pelo que acredita ser certo e
bom para o clube e que procura ter respeito e carinho por todos? Será que
todos agiriam da mesma forma se o escudo a ser aplicado em nossa camisa
fosse de algum outro clube, especialmente do Rio?

O momento de enorme comoção com a tragédia não dá às pessoas o direito de
agredir alguém que simplesmente apresentou a questão por entender que as
normas devem ser cumpridas mesmo neste momento triste. Até a CBF lembrou que
existem regras e recomendou a quem pretendia jogar com a camisa da
Chapecoense a não fazê-lo. Aliás, muitos agem como se a aplicação do escudo
da Chapecoense em nossas camisas fosse a única forma de homenagem possível,
como se fosse a única maneira de amenizar a dor dos que perderam seus entes
queridos ou como se fosse trazer de volta as vidas lamentavelmente perdidas.
Qual de nós não gostaria que isto fosse possível?

E onde está o absurdo em esperar que fossem prestadas homenagens muito mais
bonitas, originais e criativas? Seria absurdo, na verdade, se as pessoas se
satisfizessem com tantas homenagens pelo mundo e não tivessem atitudes e
tomassem providências efetivas para ajudar os sobreviventes e as famílias
das vítimas.

Por causa da minha insistente atuação em defesa dos nossos uniformes, sei
que muitos membros do Conselho me consideram chato ou simplesmente não
gostam de mim. É direito de cada um. Aceito críticas e sempre estou pronto
para o debate. Mas não admito que se ultrapassem limites.

Sou sócio do Flamengo há 36 anos, sendo 7 como benemérito, honraria que me
foi gentilmente concedida por indicação de diretoria da qual eu era
opositor. Em diferentes gestões, fui vice-presidente de Patrimônio
Histórico, Informática e Social, ocupei diretorias e assessorias, sempre
servindo ao Flamengo sem remuneração, e ainda continuo ajudando no que
posso. Sou membro do Conselho Deliberativo há mais de 19 anos e por 11 fui
presidente de sua comissão de uniformes, da qual saí justamente por não
aceitar o descumprimento de normas. Sou torcedor de arquibancada, tendo
assistido a 1.521 partidas de futebol do Flamengo, a 354 de basquete, a
dezenas de regatas e competições de outros esportes, além de também ser
Sócio-Torcedor. Possuo um acervo sobre o Flamengo que já chegou aos 19.250
itens. Acho que mereço algum respeito como rubro-negro.

E exijo todo o respeito como pessoa. Ninguém tem o direito de falar sobre o
meu caráter. Meus pais, hoje octogenários, me ensinaram valores morais e
religiosos que pautam a minha vida e que procuro transmitir às minhas
filhas. Não aceito ser desrespeitado, insultado ou agredido; não aceito que
tentem atingir minha honra; e não aceito que as manifestações tenham sido
feitas de forma injusta, covarde e apenas por eu ter me posicionado em
defesa de normas vigentes e do Manto Sagrado.

Saudações rubro-negras,
Eduardo Vinicius de Souza
Sócio Benemérito do CRF