Ser Flamengo é ter alma de herói

"Há de chegar talvez o dia em que o Flamengo não precisará de jogadores, nem de técnico, nem de nada. Bastará a camisa, aberta no arco. E, diante do furor impotente do adversário, a camisa rubro-negra será uma bastilha inexpugnável."

Orgulhoso, lisonjeado, agradecido, feliz, mas nem posso aceitar.


Orgulhoso, lisonjeado, agradecido, feliz, mas nem posso aceitar.

Galera, recebi um e-mail do meu amigo Rafael Strauch, que foi meu muleke de viagens por esse mundão, informando que o Flamengo me concedeu uma grande honraria. Um título de Sócio Honorário.

Felizão, orgulhoso, lisonjeado, agradecido,  mas nem posso aceitar por dois motivos, mas antes vou fazer uma análise explicando.

Galera, tenho total ciência do que fiz, faço e ainda vou fazer pelo nosso Flamengo.

Abre aspas: no final da década de 60, eu tava em Bogotá, num jogo da Seleção Brasileira com a camisa e bandeira do Mengão, olhei pra arquibancada e falei: “Enquanto eu tiver vivo, nunca, em qualquer lugar nenhum do mundo, jogo do Mengão ou da Seleção Brasileira, faltará uma camisa ou bandeira do Flamengo. Juro.” Fecha aspas.

E isso foi feito inté agora. Tem uma mulekada ai que, quando num vou, vai lá representando. Bligladão.

Fiz do Flamengo minha vida. Isso custou e ainda custa um sacrifício pessoal insano, seja financeiro, familiar, saúde. A fatura chegou e veio cara, muito cara. Mas num me arrependo um segundo. Faria tudo de novo.

A vida é feita de escolhas e foi essa escolha que fiz da minha. Certo ou errado, a vida me pertence e a Ela que devo satisfações.

Pois bem, vários Presidentes anteriores já tinham ventilado essa possibilidade, de me conceder a tal honraria, e eu sempre falei:

- Eskece isso, relaxa. Me dá títulos no futebol. Sou torcedor e a maior honraria que um torcedor pode kerer são títulos, vitórias, alegrias.

Agora me deram. Claro que fikei feliz. É meu Clube. É minha vida. Ai vem o primeiro motivo pra num aceitar, vamos lá:

Minha total independência. Num abro mão disso nem com uma faca no peito.

É claro que eles num me deram a honraria pensando em “me comprar”. Imagina.

Me deram porque realmente mereço, ai vem a porra do “mas”.

Eu ligo sempre pra opinião dos outros. Quê? Tu não? Conversa fiada. A opinião dos outros é importante, sim.

Então, as coisas boas da Diretoria eu elogia, as ruins sento o cacete, certo?

E nessa Diretoria tenho mais criticado que elogiado. Ai vem um babaca pra falar:

 “Porra, o Negão se corrompeu. Tá elogiando a Diretoria”, ou

Ô Negão malagredecido,  os caras deram um título prele e tá sentando o pau”.

Num rola, comigo num rola.

Pra evitar esses “mimimis” ridículos, prefiro num aceitar.

Só peço que fike registrado a “honraria” nos documentos oficiais. Quem sabe na hora da minha morte me levem lá, recebo o título e tenho um minuto de silêncio na minha cremação. Quem sabe...

Segundo motivo? GRAVE, muito grave e impossível de ser sanado.

Festa de gala, salão nobre, todo mundo em traje social e eu... Usando CALÇA? SAPATO?

Puta que pariu. Isso é crime hediondo, porra.

O Presidente Bandeira, o Strauch e toda Diretoria deveriam ser condenados por um Tribunal Internacional por crime de guerra.

Eu? De sapato? Puta que pariu. Um elefante usando fraldas.

Num rola.

Brincadeiras à partes é pra agradecer, de CORAÇÃO, a lembrança e a honraria.

Bligladão ao Conselho Diretor, ao Rafael Strauch ao Conselho dos Grandes Beneméritos presidido pelo meu amigo Walter Oaquim, enfim a todos que participaram dessa honraria.

Bligladão FLAMENGO. Bligladão.

Nem preciso falar do amor incondicional que tenho por tu.

Valeu

Moraes

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