Ser Flamengo é ter alma de herói

"Há de chegar talvez o dia em que o Flamengo não precisará de jogadores, nem de técnico, nem de nada. Bastará a camisa, aberta no arco. E, diante do furor impotente do adversário, a camisa rubro-negra será uma bastilha inexpugnável."

Das antigas: O CARRO DO CHEFE.


Das antigas:  O CARRO DO “CHEFE”.

“Chefe” é o Claudio Cruz, idealizador e fundador da Raça Rubro negra.                            

Coitado do Chefe. Duraço e sempre correndo atrás de dindin pra fazer o espetáculo na arquibancada.

Em jogo grande ele marcava “reunião” às sextas-feiras que só acabava domingo, depois do jogo. Era um inferno. Eu fugia dele como o diabo da cruz.

Pra encurtar a história.

Final da Libertadores de 81. Tavamos correndo atrás de patrocínio pra alugar o tal buzão que ia pro Chile. (Uma lata velha, sem ar e banheiro. Um horror).

Nada de patrocínio. Nada de dindin. A viagem chegando, o Chefe doido.

Como sempre, marcou a maldita reunião (como gostava dakela porra).

“Galera, até agora nada de dinheiro. Só vai quem tiver dindin pra se bancar, porque é uma viagem longa e internacional e não vou correr riscos.

Quem puder ajudar dando uma contribuição pra pagar o ônibus... Geral mudooooo.

Bem, vou ter que vender meu carro”.

Gargalhada geral. Ninguém conseguia parar de rir.

Galera, o Carro do Chefe era um tal de Chevette (nem sei se ainda existe), modele 815 a.c

Cor: fala sério né? Ninguém sabia. Tinha duzentas e dezesseis cores (foi por isso que inventaram o arco-íris).

Portas: duas, uma de papelão e a outra só com um arame pra galera segurar;

Pneus: dois. Um na frente outro atrás;

Bancos: cês tão de sacanagem né?

Combustível: o que tava na mão: gasolina, gás, água mineral, mercúrio cromo, sopa de caramujo, miojo... Puta que pariu. Quando ligava akela porra saia do cano inté pipoca.

A gente andava um kilometro e empurrava 10.

Pruncês terem uma idéia, num jogo contra o Serrano, em Petrópolis, eu, Edu, Núbia (a paixão da vida dele) e Cristina empurramos akela merda inté a subida da serra.

Faltava menos de 50 minutos pro Jogo. Vi que a gente num ia chegar, falei:       

- Todo mundo pra dentro do carro, todo mundo. Peguei akela porra, botei nas costas e subi correndo inté o estádio. Num podia era perder o jogo né?

Pois bem, era essa porra que o Chefe keria vender e... Vendeu. Sério.

Quem comprou foi o jornalista Washington Rodrigues da Tupi (acho).

Quando perguntei porque:

- Negão, foi pra ajudar. Se num comprasse a galera não ia pro Chile, certo? Quem, além de mim compraria akele treco?

- Boa, muleke, boa. E que tu fez com “akilo”?

- Mandei jogar num ferro velho lá no Fragoso. E o cara só aceitou porque dei uma grana preta prele.

Ele vai me matar depois dessa, mas os citados ai podem confirmar.

Valeu

Moraes                                                          

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