Ser Flamengo é ter alma de herói

"Há de chegar talvez o dia em que o Flamengo não precisará de jogadores, nem de técnico, nem de nada. Bastará a camisa, aberta no arco. E, diante do furor impotente do adversário, a camisa rubro-negra será uma bastilha inexpugnável."

Vai começar a Caravana Holiday

Vai começar a Caravana Holiday

Na década de 70 pra agradar a ditadura, os times do Rio, principalmente o Flamengo, eram obrigados a fazer o famoso Bye Bye Brasil, ou seja, viajar por aí pra jogar nos mais longínquos lugares. Um inferno. Conheci cada buraco nesse Brasilzão... Deus do céu...

Pois bem. Por falta de uma arena ou de um pequeno estádio, a partir de sábado o FLAMENGO, vai se despencar por aí pra jogar as partidas em que tem o mando de campo. A primeira vai ser contra o Cuuritiba, em Brasília.

Quer vergonha gente. Quer vergonha. Nosso Mengão, não tem um estadiosinho de 20 mil lugares pra jogar contra esse timeco recém-saído da segunda divisão. Se eu fosse ex-Presidente do Flamengo nem saia de casa. Metia a cara no primeiro buraco que encontrasse.

Vamos lá:

- Flamengo x Cuuritiba, sábado, certo? Jogo em Brasília, mando de campo nosso né? Volta no sábado mesmo, domingo folga, segunda se reapresenta, faz um miguesinho na academia e...

Viaja pra Arapiraca pra jogar contra o Asa, Copa do Brasil. Beleza? Beleza nada. Volta na quinta, folga sexta, outro miguesinho e... Viaja pra jogar contra o Vascu...

Epa, Negão, tá maluco? O Jogo contra o Vascu vai ser no Rio, no estádio dele...

Só se a pulicia comeu merda pra permitir o jogo lá. Se autorizar vai dá merda, e como vai... Já tão falando aí que vai ser em Fortaleza...

Então, continuando a saga: jogo contra o Vascu, folga na segunda, terça outro miguesinho e... Jogo de volta com o Asa. Onde vai ser Negão? Só Deus sabe... Tão falando na Rússia... Teste dos estádios pra Copa de 2018...

Cabô? Cabô nada. Treina dentro do avião, faz uma sauna no hotel e partiu pra Porto Alegre, pra pegar o Internacional no domingo dia 21...

Depois do jogo contra o Inter, aí sim vai ter uma semana de folga pra treinar e tal e depois pega o Bostafogo. Onde? Sei lá...

Já viram a pica né? Porra, pruma pessoa normal já é um saco aeroporto, hotel, estádio, aeroporto, imagina prum atleta? Foda. Pior é se tomar pau nesses jogos. Vai pra zona de rebaixamento... Desespero... Aí vão correr pra agilizar o contrato com o consórcio do Maracanã.

E vamos parar com essa balela de que o Flamengo SOZINHO pode gerir o Maracanã. Sabem quanto custa pra manter akela porra? Li por aí que custa duzentos milhões por ano... Mengão num tem dindin pra manter a sede da Gávea, imagina...

O que esses caras fizeram com meu Mengão em? Puta que pariu... Caralhoooooooooooo.

 

Jogo de sábado em Brasília. Tem gente falando merda por aí: que o Governo deles vai pagar 2 milhões pro Mengão jogar lá e tal. Duvido... Pago pra ver. Pelo que sei a renda é do Flamengo.

Tem gente achando que a renda vai ser igual ao jogo contra as “Sardinhas” quando botamos 63 mil pessoas lá. Duvido. Se der a metade já é lucro. Aquele jogo tinha apelo: inauguração do estádio, Moicano Cai, cai... Agora... Tomara que eu queime minha língua, tomara...

Pior: ingressos com preço de primeira, times de segunda e salários do “povo” de terceira...

Tenho lido também os percentuais que cada um vai mamar: 10% pra Federação de lá; 5% pra Federação do Rio; 13% pro Governo de lá; 25% pra logística do estádio e o resto pro Mengão, como mandante. Vai sobrar o quê em?  Tomara que Mengão não pague pra jogar, tomara...

Galera, volto a repetir: o fator campo é essencial num campeonato desse nível. Sem uma casa perdemos nossa identidade. Puta que pariu. Como me irrita isso. E tem que ganhar de qualquer maneira ou... Nem quero pensar... Socorrooooo São Judas Tadeu. Bota a chuteira, por favor...

Nem sei se vou pressa meleca. Na sexta-feira posto aki.

Alô Wallim. Alô Bap: Por favor, manda aí publicar a programação do Flamengo. Voos e Hotel. Nosso povo merece saber isso gente.  No Flamengo isso é segredo de estado. Por favor. Que segredo é esse? Que mistério é esse? Fico me esgoelando pra conseguir. Carajoooooooo.

Quê? Num vou falar do amistoso lá em Uberlândia? Vão se catar porra. Querem que eu fique cego é? Fala sério.

X- X - X

No post passado (Mais um título pro currículo – Campeão das Copas das Confederações 2013), postei uma informação incorreta sobre a Copa de 50. Então vou corrigir pra mulekada que pesquisa aki (estudantes de jornalismo). Então, meu amigo Joaquim Vaz de Carvalho mandou o seguinte texto:

Moraes

Sinto muito não compartilhar do seu otimismo. Tomara que eu esteja errado.

 Mas, quando você diz que 1950 foi um “aborto da natureza”, tenho um testemunho interessante a dar, para tentar corrigir este equívoco.

Tenho 70 anos e continuo jogando minhas peladas aos sábados no 30x30, o Templo do society do Rio. Claro que a bola tem que vir no pé, 50 cm adiante se torna ofensa pessoal. Mas, no passado, já bati minha bolinha Depois de ter largado o futebol de praia,as peladas  no 30  aos sábados pela manhã se tornaram sagradas. Mas, pintando uma outra aos domingos, estava sempre disponível.

Em 1969, Roberto Osório era filho de um importante cartola vascaíno. Roberto, zagueiro vigoroso nas peladas, era  diretor da Auto Modelo, a maior revendedora VW do Brasil na época e  tinha um dos melhores campos de society em Araras, palco de jogos memoráveis.

Num desses domingos, subi a serra, convocado  para um jogo contra o time da Adeg ( antecessora da Suderj ): Nilton Santos, Jair Rosa Pinto, Calazans, Vavá, etc. Foi um jogão e ao final houve o habitual  churrasco. Eu tinha que voltar no final do dia para o Rio  e o Roberto me pediu para dar uma carona para Armando Nogueira (na época “apenas” um jornalista do JB), Jair e Chico, a ala esquerda da seleção de 50.

O retorno ao Rio foi uma viagem de sonhos: o Armando entrevistando o Jair e o Chico com assunto centrado na final de 50. E alguns trechos  dos depoimentos me ficaram vivos na memória até hoje:

1)      O nosso lateral esquerdo, Bigode, era um jogador limitado. (Dizem que seu reserva, Noronha, do São Paulo, era muito melhor.  Nilton Santos, que era destro, era reserva de Augusto na lateral direita). Bigode era o rei do carrinho. No intervalo, o Flavio Costa deu a maior bronca no Bigode e mandou ele parar de dar porrada do Ghiggia. Ele parou e deu no que deu...

2)      Ambos (Jair e Chico) lembraram que o Brasil já perdera para esse mesmo time do Uruguai em 49. Que era sempre jogo duro. Ora ganhava o Brasil, ora o Uruguai.

3)      Ghiggia e Schiaffino foram logo depois contratados por clubes da Itália (foi o início do êxodo para a Europa), onde fizeram carreira. Contrataram uruguaios e não brasileiros.

Portanto, Moraes, não ocorreu nenhum “aborto da natureza” na vitória do Uruguai em 50. Eram dois grandes times. E lembro de Fleitas Solich. Quando lhe perguntavam sobre o jogo que ia acontecer ele respondia: gañará el mejor. Naquele dia, o Uruguai foi melhor.

 Em 54, sim: aborto da natureza. Não havia nada no mundo que se equiparasse à Hungria, que reinava sozinha. E falo de cadeira pois vi esses húngaros jogarem aqui no Rio.

No resto das copas pode ter havido  contingências sem brilho: por exemplo,  Argentina em 78, Itália em 82, Alemanha em 90. Mas “aborto da natureza” só em 54.

Portanto, vamos botar a bola no chão. O Brasil não é tudo isso que foi hoje, nem a Espanha só isso. Hoje, como diria Don Manuel Agustin de Fleitas Solich (que saudade!), gaño el mejor

Abs

Joaquim

 

Valeu

Moraes

http://www.facebook.com/francisco.moraes.980